Fernando Pessoa (Lisboa, Portugal, 1888 - 1935)

 

 

 

 

 

 

COMO INÚTIL TAZA LLENA…

 

Como inútil taza llena

que nadie toma en la mesa,

desborda de pena ajena

mi corazón sin tristeza.

 

Sueños de angustia figura

para tener qué sentir

y así elude la amargura

que se teme de fingir.

 

Ficción en teatros ausentes

vestida de papel seda

simula danzas dolientes

para que nada suceda.

 

 

FERNANDO PESSOA

[Versión de Pablo Anadón.

Para Irene, en su primer

cumpleaños en Lisboa.

Villa Dolores, 22-IX-16]

 

*

 

COMO INÚTIL TAÇA CHEIA …

 

Como inútil taça cheia

que ninguém ergue da mesa,

transborda de dor alheia

meu coraçâo sem tristeza.

 

Sonhos de mágua figura

só para ter que sentir

e assim nao tem a amargura

que se temeu a fingir.

 

Ficçsâo num palco sem tábuas

vestida de papel seda

mima uma dança de mágoas

para que nada suceda.

 

 

(Fuente: Pablo Anadón)