sábado, 1 de febrero de 2020

Haroldo de Campos (Sao Paulo, 1929-2003)


tres poemas



poesía pues sí
poesía

te detestan
lumpenproletaria
voluptuaria
vicaria
elitista piraña de la basura
porque no tienes mensaje
y tu contenido es tu forma
y porque estás hecha de palabras
y no sabes contar ninguna historia
y por eso eres poesía
como cage decía

o como
hace poco
augusto
el augusto:

que la flor flora

el colibrí colibrisa

y la poesía poesía

~~~

poesía     en     tiempo    de    hambre
hambre    en     tiempo    de    poesía

poesía          en    lugar    del    hombre
pronombre    en     lugar    del    nombre

hombre    en    lugar    de     poesía
nombre    en    lugar    del    pronombre

poesía    de    dar    el    nombre

nombrar    es    dar    el    nombre

nombro    al    nombre
nombro    al    hombre
en           el    medio    el    hambre

nombro    el    hambre

~~~

MINIMA MORALIA

*

ya hice de todo con las palabras



ahora quiero hacer de nada


***

/

poesia pois é
poesia

te detestam
lumpenproletária
voluptuária
vigária
elitista piranha do lixo
porque não tens mensagem
e teu conteúdo é tua forma
e porque és feita de palavras
e não sabes contar nenhuma estória
e por isso és poesia
como cage dizia

ou como
há pouco
augusto
augusto

que a flor flore

o colibir colibrisa

e a poesia poesia

~~~

POESIA EM TEMPO DE FOME

FOME EM TEMPO DE POESIA

POESIA EM LUGAR DO HOMEM

PRONOME EM LUGAR DO NOME

HOMEM EM LUGAR DE POESIA

NOME EM LUGAR DO PRONOME

POESIA DE DAR O NOME

NOMEAR È DAR NOME

NOMEIO O NOME

NOMEIO O HOMEM

NO MEIO DA FOME

~~~

já fiz de tudo com a palavra:





agora quero fazer de nada








(Fuente: La comparecencia infnita)

No hay comentarios:

Publicar un comentario